quarta-feira, 25 de julho de 2018

Regressa o nosso futebol, indústria em franca exploração


Começou outra vez por cá aquele jogo que se pratica com os extremos, isto é; com os pés e com a cabeça. Às vezes, mesmo que não se queira, também as mãos entram. Além destes extremos há outros, como sejam o da má-educação, o da violência e o da aldrabice. Joga-se com uma bola, mas frequentemente é com as canelas dos outros. São onze fulanos de um lado e onze do lado de lá, que se encontram na relva, meio despidos de roupa e não raras vezes de boas maneiras. De uma banda e de outra há guarda-redes, guarda-costas e guardas-republicanos. Há também um tipo com um apito que serve para fazer parar e fazer andar a bola que, muitas vezes, sem culpa alguma, passa martírios. Aos domingos de manhã vai à missa e pede ao padre que o ouça de confissão; porque para a extrema-unção, diz, já lhe basta a extrema-esquerda. A direita, só barafusta. Este desporto tem dois episódios, quase como num filme, normalmente falados em português, quando não em línguas lá de fora; mortas e vivas. Tem dias em que o jogo tem muita assistência. A esta, quando é da Cruz Vermelha, compete fazer a retirada dos que não estando lesionados demoram muito tempo a descansar na erva. O que se lamenta é não se ouvir, nem haver legendas, como nas fitas de cinema, que nos façam perceber o que se diz dentro e fora das linhas. Nestas últimas as claques são exímias. Daí que as cumprimentemos e lhes desejemos as nossas piores saudades com o pedido de um continuado livre-trânsito para Custóias. Prefere-se quem saiba tocar o tiroliro e dançar o solidó. Quem dera!


Mário Rui
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