domingo, 19 de agosto de 2018

Continua a avançar mas é fogo de excepção, diz o governo

 
Fogo fátuo, o dos que falam por imperativos meramente políticos.
O outro, continua a avançar mas é fogo de excepção, diz o governo.

Esta postura do “somos todos um”, em particular a que se dedica ao caudaloso e improfícuo débito discursivo vindo das secretárias, cadeiras, gabinetes, microfones, holofotes televisivos e demais autoridades, que nunca dos bombeiros que pisam terra queimada, sobre o fogo de Monchique, deixa-me sempre dúvidas quanto aos reais propósitos a atingir com tanto verbo. É muita gente a dizer a mesma coisa e, curiosamente, ou talvez não, sempre no mesmo sentido. Parece-me o chamado “grupo do elogio mútuo” a trabalhar mais por forma a acautelar danos próprios do que a tratar realisticamente do fogo que tudo devora à sua frente. Já dura há tempo que sobra o inferno e, com tanta conversa fiada pelo meio, reservo-me o direito de começar a achar tudo isto coisa bastante completa de estratégia e antecipada blindagem política. Couraça astuta para o que por aí possa vir de crítica relativamente a quem, em dose desmedida, quer dizer o que se passa mas sem que consiga explicar como se ultrapassa. Impossível tem sido sempre encontrar de que lado vem o fogo, perceber o vento, entender o que fazer para lhe cortar a lufada assassina. Por isso mesmo, talvez fosse oportuno calar tanta cartilha ensaiada e começar finalmente a enfrentar o necessário; progresso efectivo no combate às chamas, no terreno. É disso que precisamos, esse é que é o veio de água do assunto. Precipitado ou espraiado, mas que apague a incandescência que se faz sentir e que abafe tanta comunicação oral que de muito intencionalmente repetida já não produz o efeito desejado; é um político encher de boca, não para informar, mas para entreter, distrair! Quanto ao fogo, esse continua vivo, como vivas continuam também as teorias revelhas e as contradições e ninharias com que lhes povoam as entranhas quer o governo quer as oposições. Tenham juízo, todos. Porque essas teorias olímpicas ineficazes, se justiça houvesse, só teriam “valor” se vos sentassem no banco dos réus, ao lado dos vossos cúmplices, porque tal assento, quer-me parecer, não se fez para outra coisa senão para julgar uma mão cheia de pavões que sei perfeitamente quanto valem e quanto querem valer, constituindo grupo que governa e outro que quer governar.

 

Mário Rui
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