segunda-feira, 15 de abril de 2019

O Buraco

 
A primeira imagem já registada de um buraco negro foi descoberta pelos portugueses. E se o mundo esperava a revelação dessa primeira imagem, então desculpem lá mas a verdade é que os cientistas têm andado muito distraídos. Será assim, não será, perguntarão alguns. Mas é que é mesmo assim. Habituado a pagar o que não deve e sabendo o que lhe fica no porta-moedas, o português médio há já muitos anos havia descoberto de onde se tira e onde se não põe. Um incomensurável buraco negro, silhueta de uma sombra emoldurada por um anel de luz de alarme, tem sido desde há décadas, talvez até séculos, o dito buraco em que nos meteram. E, como quer que seja, a realidade é que estamos de posse de um buracão absolutamente trivial, velho como o tempo, e sem que algum dia tenhamos reclamado tal façanha. E venham agora esses cientistas dizer-nos que encontraram o buraquinho. O tanas! Por cá, até o Ti Zé das Iscas, mesmo com um rendimento de dez contos por mês e quatro joanetes, já o conhecia de ginjeira. Buracos, é connosco. O que agradecemos com um ‘merci’ puxado bem cá do interior.
 
 
 
Mário Rui
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