sábado, 22 de junho de 2019

Há 50 anos, uma Taça de Portugal deu voz à democracia




 

Há 50 anos, uma Taça de Portugal deu voz à democracia
Académica de Coimbra – a lição de 22 de Junho de 1969
A final da Taça de Portugal de futebol em 1969, que a Académica perdeu para o Benfica por 2-1, após prolongamento, deu dimensão nacional à luta estudantil de Coimbra que se tinha iniciado em Abril desse ano. Em Coimbra ninguém esquece o ano de 1969, o ano da «crise académica», quando os estudantes da Universidade (UC) afrontaram o regime, clamando por mais direitos, democracia e melhor ensino. Portugal era um país muito diferente nesses tempos. Após mais de 40 anos de ditadura, Salazar tinha caído da cadeira a 3 de Agosto de 1968, abrindo espaço para a renovação do «Estado Novo». A tensão era grande no Estádio Nacional, nessa tarde de 22 de Junho de 1969. A Guarda Nacional Republicana cercava, a cavalo, todo o recinto. Lá dentro, elementos com ameaçadores cães-polícia seguiam qualquer movimento suspeito e um batalhão de agentes da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) completavam o aparato. Benfica e Académica iam disputar a final da Taça de Portugal, mas jogava-se muito mais do que isso no Jamor. Pelas bancadas, milhares de estudantes universitários ocultavam tarjas com palavras de ordem, à espera da melhor oportunidade de transmitir ao país as suas reivindicações. Muitos foram presos ainda antes do apito inicial”.
 
Mário Rui
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