segunda-feira, 29 de julho de 2019

O hacker e a “Brigada Única da Verdade”.


“Se desconfiarmos que alguém mente, finjamos crença: ele há-de tornar-se ousado, mentirá com mais vigor, sendo desmascarado.”
Ministério Público e PJ encontraram indícios de que o hacker Rui Pinto entrou nos emails de procuradores e de funcionários da Administração Interna. Terá acedido igualmente a dezenas de outros endereços electrónicos do Ministério da Justiça, inclusivamente do juiz Carlos Alexandre, aos segredos do processo da Operação Marquês e ao processo BES. E, se assim for, mais uma vez é necessário, creio, demonstrar o tamanho da fraude perpetrada em nome da suma “transparência” trazida à estampa por um qualquer manhoso arauto da verdade. Coisa estranha, a informática, o hacker e sobretudo quem o apoia. Em particular essa gente que mostra uma sensação de regozijo com a suposta superioridade moral do dito, como se a justiça final ficasse ao cuidado deste novo pirata disfarçado de “fiscal” da transparência. Um sujeito sério, se quiserem até um pirata informático, dou de barato, vale por aquilo que a sua conduta evidencia, não pelo que agrada a umas línguas soltas dizer sobre os seus (perigosos) processos de invasão alheia. É pena que esta constatação ande muito ignorada no país das bravatas digitais onde a retórica sensacionalista parece valer mais que os actos concretos. E isto porque os discursos verborrágicos dele e os de quem o acha digno de grandes feitos, valem mais do que o conteúdo dessas mesmas pessoas. E, já agora, a fim de examinar o título de herói que alega ter ou que outros lhes atribuíram, alargue-se pois a investigação a todos eles. Talvez assim ficássemos esclarecidos a propósito dessa “Brigada Única da Verdade”.
 

Mário Rui
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