sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Vou, sim. De diligência… em diligência

 
Ou me engano muito ou vamos passar uma semanita à moda antiga. E com alguma sorte para alguns e azar para outros, desconfio que ao virar da esquina ainda vamos ouvir de novo o martelo do ferrador no alpendre ao cimo da rua, as vozes alegres dos apeados a jogar a pata-galharda, ou o ruído estridente das cigarras num galho qualquer. Ao longe, o canto triste das rolas, como que predizendo que nunca a briga carburante vai ser tão bem vigiada como desta vez, soa a imprudência de muito se querer conter e pouco se conseguir fazer. Lá mais para o sul, terra onde o ganho do medronho até chega largamente para as elegâncias de andar de carro a aguardente, a coisa talvez seja mais coradinha pelo sol, luzidia e dada a atavios vistosos. Que bom seria viver assim, longe dos cuidados do mundo. Mas não é possível. Agora, mãos à obra, vamos para a fila se queremos continuar a ser o povo mais sorridente do planeta. E se acordarmos cedinho para levar o carro a esse conjunto de belezas e graças que enfeitiçam os motores – a bomba de combustível – talvez ainda possamos ter ao ouvido o trinado alegre das aves na alvorada. Que sorte, não é? Afinal neste “mundo novo” sempre procuramos à porfia ocasião propícia de nos aproximarmos de um bom gorjeio e, em particular, de uma boa gasolineira, esforçando-se cada um, nem que seja pondo a mão no jerricã, por captar-lhe mais provas de simpatia e amor.
Mário Rui
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