sábado, 9 de janeiro de 2021

Está frio

Está frio. Frio que gela as mãos e, até, sabe-se lá porquê, a alma, que para uns pode ser uma constante expressão deles próprios e para outros a mudez sagrada do que são. Cada um é como cada qual e ponto final, mas a verdade é que venha o frio na asa da rajada da tarde invernosa ou tão cedo se eleve a névoa da madrugada, continua a sentir-se frio. E, mesmo que a aurora por vezes pareça querer trazer sinal esplêndido de sol morno, oprimido por uma leve angústia, já o sonho de um dia fantástico não é o mesmo. E lá ficamos no íntimo com as reminiscências de harmonias não ouvidas porque o frio tem uma vontade enérgica de nos cercear a multiplicidade dos nossos prazerosos atributos. Enfim, valha-nos nestes invernos a reflexão que, essa sim, sempre se pode servir quente.


Mário Rui
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