quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A impenetrabilidade do absurdo

A impenetrabilidade do absurdo

Se não existisse em mim, adormecido que seja, o sentimento da caridade cristã ou da salvação pela cura ou da honra de ser PAI de bons conselhos a tempo inteiro e dedicado, inutilmente passariam sob os meus olhos estas completas impenetrabilidades do absurdo. Mas em mim, os absurdos não apenas exaltam em palavras o nada, como antes os produzem. É por isso que não posso compreender este parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, ou seja, abrangê-lo e abrigá-lo como portador de um valor incorporável ao sentido das nossas vidas de progenitores. Há gradações do absurdo tão diversas e não raro tão hostis entre si, que nada parece haver entre elas de sensato. E quando isto se plasma, “Pais não têm de ser informados sobre problemas de saúde sexual dos filhos menores”, sendo a indignação o primeiro dos direitos, não há que esperar que o estado destas coisas se torne insuportável. Um anseio momentâneo ao estatuto de norma deste tipo, só merece uma apreciação; se a psicologia destes empíricos se revela impotente para nos dar uma boa razão para este parecer, então teremos de avaliar bem a psicopatologia desta gente, no mínimo para tentarmos perceber a hipótese de uma epidemia de cogumelos alucinogénios no interior destas “mentes brilhantes”. Afinal, para instaurar a tirania do absurdo só é preciso que se deixe em si como que a sombra de um pesadelo!

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Mário Rui
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