sábado, 26 de março de 2011

Isto de ser pai...


Em vésperas de Dia do Pai estava aqui a pensar como é que o vou chatear nesse dia e estão a esgotar-se as ideias.
Não sei se alguma vez perguntaram aos vossos pais se eles têm orgulho em vocês e naquilo que fazem. Eu já e a resposta que ouvi foi esta: “oh rapaz, tu não vês que eu agora estou a trabalhar?!”. De qualquer maneira, eu tenho muito orgulho nos meus pais e acho que o sentimento é recíproco.
Ao contrário do que a maioria das pessoas da minha idade pensa, eu estou mortinho por ser pai e por sentir orgulho no meu filho. Assim como espero que o puto tenha orgulho no pai. No fundo, eu só peço para ser tão bom para o meu filho como o meu pai foi e é para mim. É como uma herança que eu quero receber, com a diferença de que esta não envolve dinheiro e portanto eu não tenho de dar um tiro ao meu irmão por causa disso.
Ser pai não deve ser fácil - “pai, dá aí 20€”, “pai, olha as propinas…”, “pai, olha aquela loira ali”, “pai, olha a tua sogra ao telefone” – mas é um risco que eu quero correr. Ser pai faz-me lembrar aquele menino gordo da escola primária com quem nunca ninguém queria brincar. Aliás, até aos 10 anos toda a gente quer. Depois disso, ninguém quer saber dele para nada, excepto no fim do mês quando brincamos com ele 5 minutos para no fim lhe dizer: “olha que é fim do mês. Queres já o meu NIB?”.
Em relação às mães, os pais são muitas vezes desprezados pelos filhos, injustificadamente. Eles também andaram connosco ao colo, também nos mudaram a fralda e nos deram banho, também nos aconchegaram nas noites frias e nos embalaram até adormecermos, também nos levaram à escola nos dias de folga e também se envergonharam no restaurante quando fazíamos birra. Portanto, se me permitem, vamos todos neste momento dar uma salva de palmas em nome do nosso pai – e do filho e do espírito santo também, se quiserem.
E como é que se aprende a ser pai? Como é que sabemos se somos bons ou maus pais? Houvesse um manual para isso e estariam a Bertrand e a Fnac inundadas de gente. Ora, cá para mim, isto é um bocado como as namoradas. Se nos perguntarem porque é que gostamos delas, nós não sabemos responder concretamente, mas sabemos que gostamos. Ser um bom pai deve ser quase a mesma coisa. Não se sabe como nem porquê, simplesmente sabe-se que se é. Ou não?
E dizem-me vocês agora: “isto de ser pai é muito bonito, mas não é para a tua idade!”. E eu digo-vos: “como se houvesse uma idade para ser pai, querem ver!”.
Por hoje é tudo. Dois beijos no meu e um no vosso pai, se não se importarem.
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

Sem comentários: