quarta-feira, 27 de julho de 2011

Hélio, o homem sem medo


O medo é uma coisa que se manifesta de diferentes formas…e cheiros. Tenho muito amor à vida e por isso tenho de confessar que o medo é uma coisa que a mim me assiste em grandes quantidades. O medo da dor, por exemplo, está para mim como o medo dos ratos está para as mulheres. Adiante.
O medo que tenho dessa e de outras coisas faz-me invejar os mais corajosos, mas não confundamos coragem com estupidez. A coragem supõe uma grandeza da alma, a estupidez não. A coragem é muitas vezes abstracta e louvável. A estupidez é palpável, concreta e reprovável. E descer uma estrada nacional em cima de um skate a uma velocidade alucinante, escapar milagrosamente a um carro que vem em sentido contrário e cair no meio da vegetação – sorte não ter sido no asfalto - que se encontra na berma da estrada, é certamente sinónimo de estupidez.
O vídeo da queda de Hélio Catarino, aquele a quem o medo não assiste, é o vídeo português mais visto de sempre na Internet e isso coloca Portugal de novo no mapa europeu pelos piores motivos: toda a gente se ri de nós.
O fenómeno – se assim lhe quiserem chamar - de Hélio e o mediatismo que alcançou vieram revelar que a Internet é, de facto, a mais poderosa ferramenta de comunicação e que o Hélio também é um bocado parvo. Mas boa pessoa, no fundo (daquela berma).
Quem não deve estar nada contente com isto é o Paulo Futre que vê cair o seu índice de popularidade baseado nas bacoradas que disse para um concorrente muito mais forte: Hélio, um cozinheiro de 27 anos das Caldas da Rainha, com bigode e queda para o skate.
Por este andar e à semelhança do que aconteceu com Futre – e ele que se cuide – não é de estranhar que também Hélio seja convidado para ser a próxima cara em campanhas publicitárias de algumas marcas nacionais conhecidas. Boa ideia, Hélio! Vamos todos fazer vídeos caseiros que envolvam um grau assinalável de dor e teremos uns trocos garantidos.
Ainda que para ele a dor seja uma coisa que não lhe assista, a mim doeu-me só de ver. Mas o que teria sido daquela semana penosa sem o vídeo do Hélio?

Rui André

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