quarta-feira, 27 de julho de 2011

Assim fica a música mais pobre ...



A música fica sempre mais pobre quando os génios que lhe dão brilho deixam este mundo para se juntar àquele misterioso e oculto universo dos que já cá não estão.
Mais pobre fica também o pequeno mundo daqueles que, como eu, se conseguem emocionar de alma e coração com a arte, engenho e algo mais que nem sempre é fácil de explicar dos que produziram obras que coisa alguma será capaz de substituir, quanto mais de apagar.
Depois da genialidade das suas obras pungentes e intemporais que perdurarão para sempre no espaço e no tempo, vem o infortúnio das ilusões e a fuga da realidade que esses mesmos génios julgavam insuficiente, para aí se refugiarem no vil e perigoso mundo que é o da droga.
Muitos foram os que, não resistindo à tentação e às ilusões que uma vida assim representa, se lançaram nesse labirinto sem fim, nesse mar revolto e nessa montanha-russa sem retrocesso que uma vez começada não termina nunca sem feridas profundas e, na pior das hipóteses, numa morte trágica.
Ao refugiarem-se nesse mundo não estavam sequer a alimentar o negócio pelo qual os idolatravam - e idolatram - e sobre o qual recaíam sobre eles todos os focos do mundo. Aí, não estavam a alimentar senão o já por si abominável mundo das drogas, aquele que pensavam ser o único capaz de satisfazer todas as suas ambições e algo mais.
A droga é um negócio perigoso. Que o confirme os finais trágicos de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e mais recentemente Amy Winehouse, esses a quem a ilusão de uma vida alheia às preocupações e tormentos do mundo real se sobrepôs a essa realidade que eles já não suportavam ou julgavam fugidia.
Sem perceber que com a música também é possível mudar o mundo imperfeito que é aquele de todos nós, acabaram por mudar o deles… e para pior. Aquela viagem tornou-se tão incontrolável que acabaram por ficar escravos da fantasia e da ficção que criaram para si. Tão incontrolável que desejariam que a sua sorte estivesse entregue às mãos de qualquer coisa que os pudesse salvar de um fim inevitavelmente funesto. E não salvou!
Agora não nos resta senão lamentar a ausência daqueles que com a genialidade das suas obras nos apanharam na viagem das nossas vidas, ficando para sempre a mágoa de vê-los partir e a infelicidade de saber que nem sempre aquilo que vai volta.

Rui André

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