segunda-feira, 26 de agosto de 2013

HÁ SEMPRE UM TEMPO PRÓPRIO PARA TUDO




















 HÁ SEMPRE UM TEMPO PRÓPRIO PARA TUDO (VER AQUI)

Se é que foi um simulacro a sério, aprovo. Dirigi e estive envolvido em tantos e com tanta gente boa, que não seria honesto comigo próprio se outra coisa dissesse. No entanto, não posso deixar de anotar o mau gosto que representa a realização de acções deste género enquadrando-as numa efeméride/lembrança penosa para quem a viveu, trágica pelas vidas que ceifou, sinistra pelos bens que roubou, funesta pelos sonhos que despedaçou. Como se tudo isto não bastasse para enegrecer a aludida formação prática que é devida, com toda a premência, aos ‘soldados da paz’, escolheram então um dia com “arraial” e “foguetes”, quiçá mais festa que propriamente momento de reflexão e aprendizagem. Da escolha do dia, presumo e quero acreditar não se encarregaram os que habitualmente lutam no terreno. Do simulacro, ninguém discutirá a sua utilidade, o que se pode e deve dizer é que tais “exercícios de simulação de emergência”, quando bem feitos, envolverão os meios técnicos absolutamente necessários e os humanos estritamente imprescindíveis. Quando estes últimos incluem figurinhas de proa, figurantes de gravata e povo que dá votos, então já se trata de uma outra qualquer simulação. O que não é justo tendo em vista o fim a que se destina. É que para treinar corpos de bombeiros é perfeitamente dispensável dar festas. Se é treinamento feito com competência, ele mostrará por si só os resultados. Mas não é apenas a soma da festa com o simulacro. Numa altura em que o país arde literalmente, em que o país chora lágrimas de recordação pelos que morreram no combate ao monstro, ficava bem que a data marcada para a agilização dos meios de ajuda simulada ao Chiado, ou a qualquer outro ‘chiado’, tivesse sido bem pensada. Agendamento infeliz, para não lhe chamar provocação. Será que toda a logística técnica posta no ‘teatro’ de operações do simulacro, face ao momento dantesco que se vive por esse país fora, não teria sido mais útil no refrescamento dos companheiros exaustos que há várias semanas têm jogo marcado com o inferno? Trezentos elementos dos bombeiros é muito bom companheirismo para engrossar a fileira dos restantes valorosos homens e mulheres destacados em Tondela, Igreja / Gondar-Amarante, Sra. Boa Morte / Correlhã-Ponte de Lima, Montemuro / Alhões-Cinfães, Feitalinho / Arcozelo das Maias-Oliveira de Frades, Ferraria / Sedielos-Peso da Régua, Estrumil / Oriz-Vila Verde, São Pedro de Veiga de Lila- Valpaços. São muitos, não são? E trágicos até dizer chega! E oitenta veículos não seriam uma boa ajuda no apoio aos heróis de Portugal? Tudo isto me mete muita confusão. Estou mas é farto de imponentes ‘metanarrativas’ e a ansiar por interdependências que se transformem numa mais-valia para todos. Obrigado, bombeiros portugueses. São os únicos que batalham abnegadamente sem que para isso estejam a pensar em eleições ou em votos. Votos, só desejam os de muita sorte. Um bem-haja a todos.
 Mário Rui

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