terça-feira, 27 de maio de 2014

Os chapéus e as concomitantes chapeladas





















 




Para os que andam com a cabeça na Lua, nada melhor que o peso de um chapéu. É verdade, há pessoas a quem o chapéu fica bem não só pelo efeito estético que produz mas sobretudo porque é um excelente acessório para manter a cabeça no seu devido lugar. Mais largo ou menos alto, é indiferente. Importante é que fique justo no sítio onde deve estar pois só assim garantirá a eficácia que dele se espera. Chapéu que voe à primeira lufada de ar é cobertura que não serve a cabeças carentes e se se adivinha rajada, então o melhor é mesmo prendê-lo. Pode ser com alças, com banda, fivela, laço, o que se queira, mas nunca por meio de fina guita que possa atraiçoar o amo de tal acessório. A juntar a todos estes benefícios deve-se considerar ainda uma outra vantagem quanto ao uso do dito; quando cansado de si mesmo, pode o enchapelado dar uma de brilho e assim como quem não quer a coisa, querendo-a, terá direito a alguns momentos de fulgor. Se outro não for, pode ser confundido, ou tido, por exemplo, como sendo o Frank Sinatra ou até o Humphrey Bogart dos dias de hoje. Claro que se se tratar de enchapelado mais afoito, passará certamente por Indiana Jones. Tem outro proveito, o chapéu. Quando acontecem aquelas noites que necessariamente, seja qual for o motivo, se prolongam e se prolongam, não haverá qualquer possibilidade de ir à cama quebrando assim o charme obtido pois que não dá jeito nenhum dormir com cogumelo enfiado. Em suma, chapéu ou chapelada das boas é certeza antecipada de sucesso. Não sei da razão porque me deu para falar disto mas se calhar terá a ver com a dificuldade que muitos têm em tilintar com libras de oiro fino e, portanto, a cobertura para a cabeça é uma barata e singular dilatação ajustada aos dias de hoje. E atenção, cai por terra a opinião do Vasco, o Santana, quando dizia que «chapéus há muitos, seu palerma…». Vejam lá bem o tempo que levou a desmontar essa teoria. O chapéu é coisa única! Bom, em suma, entre a pobreza dos meus ideais artísticos e utilitários e a tolice dos meus recursos picturais, há por certo um abismo de incompreensão por parte dos outros que só os pode conduzir a uma ideia; a de que o chapéu está a fazer muita falta mas é a mim mesmo. Tudo bem, mas sigam lá os meus conselhos, aperaltem-se, e depois digam-me se de muitas estranhas cabeças não vão sair aptidões singulares só com recurso a um qualquer chapéu. Fico à espera dos vossos resultados.
 
 
 

Mário Rui
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