domingo, 31 de julho de 2016

Parabéns, Afonso Henriques! Volta, se calhar até já estás perdoado


Pese embora não haver unanimidade quanto ao dia em que veio ao mundo aquele que viria a ser o primeiro rei de Portugal, apelidado de "o Conquistador", assume-se agora que terá sido lá pelo dia 25 de Julho de 1109. Assim, passam hoje 907 anos sobre o nascimento de D. Afonso I, mais conhecido por D. Afonso Henriques. Ensinaram-me os professores, e nisso também as carteiras da escola primária me deram preciosa ajuda, que entre a perda do ano e a mais que certa perda do brio escolar, sempre era melhor ouvir atentamente uns e tomar bom assento de trabalho e estudo nas outras por forma a evitar tais danos às primeiras luzes intelectuais. Era o tempo em que aprendíamos uma série interminável de noções gerais, mas quantas vezes lapidares, sobre todas as coisas deste mundo. Quando a aula corria mal, também nos ensinavam a pôr o dorso curvo, mas pronto, a primária, quando não preparava para diversos ofícios, virava sala turbulenta, muitas vezes uma aventura. Bom, mas voltando então ao aniversariante, dele sempre fiquei com uma ideia fixa ainda que, concedo, não raras vezes de caligrafia tremulante pois mais tarde vim a saber que afinal o homem batia na mãe. Ora, se foi daí que a sua propagandeada musculatura tirou a rijeza de que ainda hoje goza, então há que dizer que o deviam ter posto numa escola primária. Teria aprendido a ser filho e homenzinho. Dito isto, volto-me agora para o outro lado, o que melhor o caracterizou; quando dava ares de chefe, dizem, punha a barriga para diante e cruzava os braços na espada, como quem dizia ao país: «peço a palavra!». Aqui já era um caderno de significados. Grande Afonso! Mas também quando lhe cheirava a gente a mais lá pelo condado, acho que tinha um ar sonhante de bailado mouro, intermédio dançante onde a espada, a armadura e o cavalo, não eram propriamente jogo dócil, nem diversão de espécie alguma. Aludo a estes episódios, e assim fecho a data, só para lembrar que hoje já não são as pessoas que conquistam terras, cidades, independências, mas antes as ideias. E que gozo me daria saber o que pensaria o Afonso sobre isto. Afinal, parece que ninguém gosta do muito que se passa hoje mas, no fundo, todos dizem muito bem de coisas de que toda a gente diz, está muito mal. Parabéns, Afonso Henriques! Volta, se calhar até já estás perdoado. (25 Julho 2016)
 

Mário Rui
 
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