segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O laureado


 
Nunca fui um especial admirador de Bob Dylan enquanto cantor, confesso, mas se a isto juntar a catrefada de indignas e grotescas perorações que já lhe foram dirigidas, também elas vindas de lusos rouxinóis que por cá cantam rusticidades montesas, tenho de concluir duas coisas; primeiro, que essa plumagem arruivada no dorso que tanto critica a atribuição do prémio ainda não conseguiu fórmula oral com que exprimir o seu próprio pesadelo interior. Segundo, que essa espécie capaz de se arquivar a si própria como obra de arte, coitada, deve conhecer muito bem Mo Yan, Tomas Tranströmer ou até Elfriede Jelinek. Ainda bem que o laureado é Dylan. Posso não morrer de encantos quanto à forma como cantas, Bob, prefiro Cohen, mas sei que és uma biblioteca por ler. Chega-me! E parabéns, apesar de gostar mais do Leonard.
 
Mário Rui
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