quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

As balizas despóticas


Está definitivamente institucionalizada a guerrilha futeboleira no país. Uns queixam-se dos árbitros, outros acham que a culpa é da Liga, juntem-se os que entendem ser a Federação o princípio e o fim de todos os males da bola. Ainda há os que apontam culpas aos presidentes, aos directores para o futebol, aos directores de comunicação e, já agora, será bom não baixar a guarda relativamente ao que opinam os ‘comentadeiros’ televisivos, esses supremos perfumes clubísticos, ilustres cozinheiros de essências metidos na função de agitar ainda mais a mixórdia que ferve. Cada um deles, de cálculo infinitesimal esférico, sabe mais que o outro. E assim lá vai o integral e o diferencial, tudo junto, para a panela. Por toda a parte, só ares entendidos. Tantas coisas técnicas e não técnicas tenho ouvido a esta gente toda que, desconfio, lá virá o tempo de pôr esta torrente de sageza nas escolas, nas academias. Daqui até passar para as empresas, para a justiça, para o sistema bancário, para o da saúde também e porque não para o da assistência social, vai ser um saltinho de pardal, felizmente. E se o caminho for este, como anseio, levem igualmente tamanha sabedoria até junto das balizas, afinal os guarda-redes não são precisos para nada. Pronto, era deste fogueteiro que vos queria falar mas sem me esquecer de vos pedir, filantrópicos da bola, que contem bem as batatas que caem a menos na panela e que observem quanto azeite não é deitado ao bacalhau. Se não vos for possível fazer estas contas, pois que vos seja praticável, no mínimo, manter essa inquietação espiral pelo vosso clube, sempre e como até agora têm feito. Só assim o país progredirá e o zé pagode representará um papel ainda mais vergonhoso do que os mandões da bola. Ah, só mais uma coisinha: para meter golos gostosos, indiscutíveis, usem as balizas a par e de preferência no meio do mato posto que o baldio fixa melhor os calcanhares de Aquiles. Assim correm todos para o mesmo lado e ademais evitam-se umas entorses de futebóis sem governo.
 

Mário Rui
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