domingo, 13 de agosto de 2017

"Se um dia eu não te levo à América, nem que eu leve a América até ti"

 
"Se um dia eu não te levo à América, nem que eu leve a América até ti"
Entre o vir e o voltar a ir há um espaço temporal que se vai contando à hora e que mais se parece com o de alguém que, na ânsia do gozo de uma outra liberdade, só espera o instante em que se produza o facto. Pisar de novo solo do Tio Sam. No mais das vezes, foi lá que à força de trabalho e economia, a sorte ajudando um pouco, se juntou alguma riqueza. Hoje, mesmo sendo o sonho chão que já deu vinha, a América não foi esquecida por muitos dos que por lá fizeram vida. Agradecidos, certamente, à terra que os acolheu, os meus patrícios, chegados ao último quartel da vida, peregrinam agora sem trabalhos nem canseiras até ao outro lado do Atlântico em visita de abraços aos que por lá ficaram. É um preito aos companheiros de labuta que lhes seguiram os passos, mas também será o querer dizer-lhes que mesmo sendo-se de uma Pátria determinada, se pode sempre tirar muito proveito de outras, conforme as circunstâncias. “Vou para a América”, foi o lembrete que casualmente encontrei num calendário pendurado na parede de uma espuma do nosso oceano, vila da Torreira, pois claro, e que me aviva duas coisas; da América, têm os meus próximos, agora regressados, uma alegria e um repouso. A outra coisa que me aviva, anima, é saber, eu, mas igualmente eles, que não há cheiro a flores que se compare ao aroma do nosso mar. E sem saber qual foi a mão que escreveu o lembrete, sei lê-lo à minha maneira e é assim; um português radicado na América e voltado à terra-mãe, quando se trata de honrar as tradições dos que o ajudaram, é sempre um português de maior idade. Vivido, sabido e agradecido!



Mário Rui
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