terça-feira, 1 de outubro de 2019

Combatentes da Guerra Colonial ou as homenagens em falta

 
Combatentes da Guerra Colonial ou as homenagens em falta (LER AQUI)
Escapei à marcha inexorável da Guerra Colonial. Mas vivi, muito de perto, a angústia de quem partia e de quem ficava. Emocionei-me com a dor de pais e combatentes que, resignados a uma “necessidade nacional” - em que poucos acreditavam - se desligavam da família como se uma fina lâmina de aço os cortasse à raiz natal. Tocou-me profundamente todo esse desespero da guerra, dos guerreiros e das suas famílias que, esperançadas em melhores dias, por cá ficaram. Desarmadas, despojadas dos seus mais queridos. Dos que foram, muitos acabaram por perder o pé e a fé. E ainda hoje está por pagar uma dívida de gratidão a essas gerações de homens, apenas dependentes uns dos outros, em redor dos quais tudo, ou quase tudo, foi drama. Acho louvável a iniciativa de quem quer homenagear esses valorosos – à força assim feitos, é certo, mas verticais protagonistas de tempos tremendos e fatais. E, se desde então o país dorme, ou finge dormir, sobre esse justo reconhecimento a prestar, o pouco que se faça para aliviar a dor íntima dos que ainda a sentem, já será muito. Os últimos acenos que tantas vezes dei a amigos na hora da partida, soldados de verdade que iam para a guerra a sério, foram a derradeira homenagem inteira de voz e de gesto com que os honrei. Foi pouco, eu sei, mas talvez estejamos ainda a tempo de fazer mais por todos eles. Afinal, quem, em prol da boa reputação desses heróis, não se sacrificou já uma vez?
 
Mário Rui
___________________________ _____________________________ 

Sem comentários: