quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Mulher de banqueiro recebia 2 mil euros para dar estabilidade emocional ao marido.

 
Velha crónica do passado que vai ser futuro (LER AQUI)
Vogamos em maré de rosas, estamos em plena festa há muitos anos. Logo, os penachos continuam a ondular, os astutos galopam, o pé-de-meia cintila e as mordomias rolam majestosamente. Tudo como dantes. Daí que, traçado este retrato do ano que vai acabar, e de muitos outros que a seu tempo se finaram e com a mesma fisionomia, chegará seguramente mais um opulento de promessas. Chamar-se-á 2020, mas será afinal mais do mesmo. De resto, neste teatro de comédia e de cadeiras reservadas, a distribuição dos bilhetes de entrada vai dar de novo o triplo dos lugares que a sala comporta. E o indígena espectador, de nariz arrebitado, ainda que de lábios gretados pelo nordeste que lhe varre os dias e mesmo de coração já desopilado, voltará a assistir e, pior, a aplaudir radiante o desfilar desta tropa fandanga. É o ‘fado’ desse nativo que o impele a ir pascer os seus olhares curiosos no augusto recinto desta comédia nacional. Mesmo com a desventura de sentar-se no barato da galeria pública, ele bate palmas a todas estas subtis malícias dadas à cena. O que podemos nós fazer quanto à erradicação da gula de uns e aos aplausos dos tolos? Já pouco, pois o que resta, em desespero de causa, será afiançadamente ousar pedir aos poderes públicos – aqueles que ainda não são também enxame verminoso - que, no mínimo, anunciem previamente nos jornais, prevenindo em especial tais tolos, que a reprodução assombrosa de patifarias é o que têm de mais certo no correr do ano que vai chegar. Ou então um anúncio de página inteira, todos os dias, onde se poderia ler; “cuidado, tolos, não tirem os olhos da mão com que alguns seguram o baralho. E atenção também à importância posta no lance”. Mesmo assim, aviso que não se deveria concluir que tudo viesse a ser melhor, à vista do muito mau que nós já temos. Mas tentar, não custava!
Mário Rui
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