terça-feira, 15 de junho de 2021

Escola Industrial de Estarreja

As primeiras finalistas do ‘Curso de Formação Feminina’ em 1971

Hoje, tão acostumados que estamos à nossa contagem do tempo, podemos não perceber a razão pela qual o tempo existe. Mas existe e continua constante, da nascente à foz, do passado para o futuro. Não falo por ora do presente porque esse está aqui, agora mesmo. E se tantas foram as vezes em que vos falei dos amigos que vestiram os meus mais verdes anos, então que se agitem agora as orlas luminosas das que se fixaram em nós durante muito tempo; as meninas nossas colegas na Escola Industrial de Estarreja, de 1965 a 1971. Mesmo apartados e de tapume espinhoso, quando a campainha soava para largarmos a sala de aula, lá saiamos separados, com o olhar sôfrego de quem espreitava azada oportunidade para buscar um trocar de olhares, despedaçando, em pensamento, a separação da penosa disciplina do género. Àquela instantânea ressurreição nada, nada podia pôr peias. Em grupos juntavam-se elas, em magalas sem licença de passar a fronteira ficávamos nós, os rapazes. Era o tempo daquele tempo que agora trago ao presente. No entanto, nessa porção de tempo, estrada e estudo, cada dia e cada ano que findava trazia-nos mais um valioso conhecimento e acrescentava uma pedra ao monumento da nossa inocência, muitas vezes também feliz. E nisso, a fisionomia linda das colegas, e com ar de simpatia, correspondia sempre a uns comunicativos sorrisos, daqueles que queriam travar conversa. Por isso, quando fruíamos desse prazer, estávamos a preparar o luar desse gozo, o deleite brando e demorado de as termos por companheiras. Obrigado a todas. E como recordar é acordar, neste presente que corre, sublinho, quem nos fez bem, semeou saudade. Vós, caras lindas!



Mário Rui
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