terça-feira, 20 de julho de 2021

Padronizar o produto humano, facilitando assim a tarefa dos fazedores da loucura

Pelos vistos, lá há-de vir o dia, ou a noite, em que emparedados, resistindo à tentação de chafurdar na bela vida a que estávamos habituados, mais não nos sobre do que a cama ou o sofá em que a humanidade deverá deitar-se. De facto, para enfrentar esta confusão pandémica, o poder tem de ser centralizado, embora já começe a duvidar se bem de todo, pois como é bastante óbvio, as mudanças sociais não têm precedentes na sua rapidez e totalidade. Todos os padrões de vida humana existentes já foram rompidos e, vai daí, qualquer um improvisa novos padrões em conformidade com o facto de estarmos a ficar todos malucos. Hoje mesmo quis assistir a uma prova desportiva, não interessa qual, e para aceder à dita, fui obrigado a mostrar o bilhete de identidade, porque esse nome de cartão de cidadão já me cheira também a ministérios de propaganda, preencher em inglês um qualquer termo de responsabilidade, não sei de quê, a dar o meu número de telefone, a levar comigo o certificado de vacinação, o meu, mas na expectativa de ter de mostrar também o do meu cão que ficou em casa, e a carteira de jornalista que, para o efeito, num evento totalitário que verdadeiramente enclausura pessoas, de pouco serviu. Eu sei que há uma doença perigosa, há que evitá-la, mas não há, por certo, nenhuma razão para que os novos totalitarismos se assemelhem aos antigos. Perante estes factos, o silêncio não me basta. Se eu quiser evitar a perseguição, a liquidação e outros sintomas de atrito social, então quem organiza eventos da natureza daquele a que hoje assisti, tem de ter em conta que os aspectos da propaganda e realização dos mesmos, deverão ser tomados tão ineficazes como os aspectos negativos inerentes. E se as pessoas mal adaptadas à sua posição tendem a alimentar pensamentos perigosos sobre o actual sistema social e a contagiar os outros com os seus descontentamentos, então mais vale que se alistem num curso destinado a padronizar o produto humano, facilitando assim a tarefa dos fazedores da loucura. É escolher, mas rapidamente, sob pena de, assim não sendo feito, um destes dias estarmos todos empilhados uns sobre os outros e cheios de tubos de ensaio numerados.


Mário Rui
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