domingo, 23 de outubro de 2022

Mais uma vez, o triunfo do fracasso

E o povo que deambula ao ritmo descuidado de um vaguear outonal pelos passeios intransitáveis da ilusão, parece acomodar-se com serenidade e até com um certo cinismo à degradação incessante e irreversível que o rodeia. Imóvel e prometido a próximos desabamentos. E já nem falo da massa constrangedora de uma população há muito tempo treinada na estratégia da sobrevivência, tão-só porque sobrevive numa sociedade regida por piratas! Os pobres podem discutir acerca de quê? De malabarismos políticos, de promessas vãs, de esperanças irrealizadas, de conversa fiada, de ambiguidades atribuídas por eminentes governantes que tudo o que dizem nos desconcerta? Esses “potentados” do deserto que nos (des)governam têm fama de distribuir dinheiro, benesses mil, estruturas aos milhões, felicidades quotidianas, mas com a intensidade de quem procura o seu caminho nas trevas, como se nelas tentassem distinguir os sinais da alegria ou da tristeza. Melhor seria vê-los a distribuir amendoins. Estas atitudes de “nobreza” nada convincente, manhosas e aliadas à magnificência da cadeira que ocupam, fazem-me lembrar um monarca caído que para o exílio só tinha conseguido trazer o assento, como símbolo da autoridade perdida.

(LER AQUI) - Banha de Cobra

 

Mário Rui
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