domingo, 5 de janeiro de 2014

Morreu o último Rei de Portugal


























Eusébio do Portugal profundo.

 
Uma coisa me consola, Eusébio. É que não fui eu quem cobriu Você de adjectivos, de ápodos, de cognomes mais ou menos imaginosos. Não fui eu quem disse que Você era a pantera, o príncipe, o bota de oiro, o relâmpago negro, o coice para a frente, o astropata. Também não fui eu quem disse que o seu nome era Eusébio.

 
Outra coisa me consola, Eusébio. É saber que a imensa popularidade que acompanha o seu nome não deitou a perder o proprietário desse nome. Você é naturalmente modesto e assim se tem mantido. Sabe os terrenos que pisa e recusa-se a perder a tineta!
 
 
Por falar em terrenos, como vão os «rectângulos», o «tutu», o «onassis»? Consta-me que Você é prudente, que tem sabido acautelar o seu futuro. Faz muito bem, pantera! Passe à história, mas leve bagagem. Olhe que a memória das gentes é cruel!

 
Dar o Eu a Eusébio, que pretensão! Derive, derive e vire e atire sem parança, Eusébio, seu genial tragalhadanças!
 
 
Alexandre O'Neill, in Uma Coisa em Forma de Assim

 
Mário Rui

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