segunda-feira, 12 de junho de 2017

Mercado Antigo-Estarreja 2017


Quando é verdadeiro, quando nasce da necessidade de ecoar forte, o rufar não encontra quem o detenha. E quando se trata de honrar as tradições dos seus maiores, também o relógio do tempo como que retrocede venerando saberes só de experiências feitas. E por aqui ficam muitos anos antigos, soma bonita feita com parcelas de um ou mais séculos de história. Assim eu pudesse voar até ao sítio aonde agora me leva o pensamento. Sem cansaço de maior, até junto dos que viveram outrora na minha terra. E não se trata de fazer recair em mim os hábitos de coisas velhas pois, muitas vezes, foram certamente ancianidades também elas de pouca monta. O propósito é dar nota de uma desmemória que não pode ser eterna, já que tenho pressa em dar revisão, muito mais entusiástica do que céptica, do que foram vivências das quais jamais me despedirei. Imaginoso, como todas as pessoas que amam muito, vejo-me aquecido nesta atmosfera de lembranças em que se vaporizam perfumes que ainda hoje são refúgio do meu viver, tal é o aroma de fragâncias, mas muito mais de significâncias, que me envolve. Vi-me num passado do meu frescor, e tive saudades dele, e apetece-me mostrar gratidão a esses meus amadores anos. No entardecer da vida, a saudade refina-se. Dirão uns que é tolice, digo eu que futura- se-me isto! E quanto mais louco o mundo se torna, mais eu gosto da minha ´comunidade’ simples, pequena, mas afável. Dos amigos de ontem mas também dos de hoje! Ainda mantém, essa comunidade, ressonância profunda dos valores que me ensinou, tudo coisas transmitidas por caras, carácteres, usos, costumes, tesouros que ainda agora conferem a este lugar ora dito urbano um toque simpático que eu adoro. E protege-me das taras da massa. E era só isto o que tinha para vos dizer.

 

Mário Rui
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