quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O número de vigaristas existentes


Não ficaria nada admirado se me dissessem que o número de vigaristas existentes em Portugal ultrapassa em larga escala o número dos que têm por função julgá-los.
Acho que se percebe bem esta relação, pois, como se tem visto, é incomensuravelmente mais fácil dar à cena trafulhice e canalhice do que propriamente esquadrinhá-la para a arrancar pela raiz.
De resto, sou obviamente pelos que estudam as estratégias dos trapaceiros, os seus métodos, técnicas de manipulação e suas ocultações.
Se pouco ou nada se fizer contra os avanços desta prole, bem que podemos seguir sendo uns bons cretinos, ou mesmo ignorantes.
Acresce ainda que a ciência da trafulhice é uma das que mais progride no país, opera à escala nacional e além-fronteiras, resultando disto a multiplicação de tais aldrabões que jamais se dão conta de sê-lo.
Mas, assim dito, e no que às instâncias que julgam actos reprováveis diz respeito, seria útil que revelassem bom senso, rigor e sobretudo ética profissional no desempenho da função.
Convinha-nos muito, não vá a gente começar a contabilizar o número de intérpretes das citadas instâncias que só vasculham com tanto zelo e rigor quando isso lhes pode esconder pecados próprios.
Pior ainda, pode deixar nos cidadãos impolutos a ideia de justiça que aspira a exibir e enaltecer a glória de uma cura divina mal dirigida, matreiramente arquitectada, porque feita por gente com pouca civilidade.
Quem a não tiver recebido de nascença, ao menos que a adquira pela educação.
De outro modo teremos a espada da justiça a dilacerar em lugar da justiça da espada a pontificar, o que só servirá para nos dizer o que já deveria ter sido feito mas afinal não se fez.
É essa a precisa altura, ou alturas, em que a justiça passa a ser um arremedo grotesco de sabedoria difusa.
E quanto ao presidente do meu Clube do coração, pelos vistos também ele um coleccionador de asneiras, seria bom que adoptasse igualmente postura com tino uma vez que, quando as acções de um homem se começam a reduzir a infracções, o que sobra é tão-só enveredar por uma educação para a cidadania.
Uma boa opção, esta última.
Se não o fizer, insistirá, como outros tristes presidentes de grandes clubes, em entretenimentos pueris e desprezíveis, quando não francamente deprimentes.

 
Mário Rui
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