quarta-feira, 11 de abril de 2018

De onde saiam então mãos tão notáveis?


De onde saiam então mãos tão notáveis? Talvez de uma apaixonada e fraterna simpatia pelas artes manuais, talvez da força das circunstâncias, se calhar porque todos os dias, todas as horas, era a mesma intranquilidade, o mesmo sobressalto, a mesma incerteza do dia seguinte. Era assim, era! Era o passo lento mas firme de quem trabalhava, ainda que a jornada onerasse a idade mas sem que a vergasse e a jorna não compensasse. Tempos pretéritos, alegres, quem sabe, mas imperfeitos. Que distinções foram feitas a mãos desta seiva? Não muitas, mas há um severo princípio de honra, intransigente na sua lealdade ao labor manual desta gente, que a marcou para sempre. Foi a simplicidade do seu espírito de trabalho que nunca lhes deformou o carácter. Que sublime diferença e que pena que ela envelheça depressa, a diferença.
 

Mário Rui
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