segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O mal dos outros...

 
Tenho-me reservado a um prudente e recatado silêncio quanto aos factos apontados ao Benfica pela Justiça. A ordinária convulsão dos acidentados terrenos futebolísticos portugueses a tanto me obriga, razão pela qual não emito, por agora, opinião a esse respeito. Para algo existe o futuro. Bom ou mau, aceitá-lo-ei como mera fatalidade do que tiver de ser. O que já não posso é ouvir os vagidos, afinal envoltos na vozearia dos grilos e dos sapos que por aí campeiam, sempre que vêm a terreiro atacar o já atacado clube do meu coração. São pessoas habitualmente dadas à aspiração, só aspiração, de se ultrapassarem a si mesmas, quer através da pobre criatividade que mostram, quer apoiando e admirando “agremiações notáveis” de indivíduos e de outros clubes, que afinal constituem uma mancha intrínseca de seres sensatos que não são. Acham-se imaculados e, parados na contemplação do seu próprio umbigo, insistem na ideia de fazer dos outros parvos. Os seus clubes são igualmente, para eles, instituições sem labéu que se tenha vislumbrado ou sequer se adivinhe no porvir. É essa a normalidade que neles abomino. Uma normalidade tão absoluta que já roça a patologia. Acrescentam a esta, uma outra tendência pretensiosa para imitar os processos “criativos normais” dos seus ídolos, dos seus clubes. Para eles, as suas cores clubistas são sempre meritocracias. As do adversário, essas são sempre organizações perigosas, malévolas e para com elas há um dever marcial a cumprir; o fuzilamento! É a isto que jamais quero chegar. A esta escarnecida, tonta e cega geração a que ainda pertenço. A este pedantismo bacoco da pseudo-ética quando se trata do meu quinhão. Quando é o do outro, esta gente é medonhamente deseducada pelo ataque torpe que me intoxica até aos cabelos. Quanto ao Benfica? Para algo existe o futuro. Bom ou mau, aceitá-lo-ei como mera fatalidade do que tiver de ser. E se um dia vier a assistir à marcha da dissolução rápida do meu adversário, podem crer, jamais serei a concorrer, ou a ajudar, à sua decomposição. Acho feia, indigna, essa postura!
 
Mário Rui
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