sexta-feira, 1 de maio de 2020

Do neolítico até à informática, e veio um pingo e mudou o mundo


Questão sobre a qual muita gente se debruçará hoje, será a de saber o que virá de quotidiano logo que se vá em definitivo o vírus. Se calhar não tanto pensando em hipotéticas novas realidades, essas são mais do que certas, mas antes no modo como vamos conviver com elas. Claro que não sendo conhecida a composição de dias futuros, fácil também não será encontrar hoje roupa que lhe sirva e assim sacie o nosso roupeiro de dúvidas. No entanto, há já uma certeza e essa parece-me inquestionável. Não tendo ainda começado a segunda parte do confronto entre o que já fomos e o que vamos ser, bem podemos estar cientes de que haverá uma enorme diferença entre aquilo que já vivemos e aquilo que é pensado sobre aquilo que falta viver. É pena é que tenha sido a irrupção inesperada de um acontecimento de peso, a determinar uma nova hierarquia de compromissos, de posturas sociais, de trilhos individuais, de actividades humanas, de valores e de crenças. Há quem defenda a pós-pandemia como podendo ser uma lufada de ar fresco que melhore estas condições já de si muito ocas de recheio. Mas também há quem entenda que a profundidade das coisas acontecidas, não trará grandes conversões à vida de cada um. O problema, quanto a mim, é que esta emergência actual e o cenário mundial que lhe sucederá, já não podem ser pensados e decididos a partir dos nossos velhos instrumentos analíticos preferidos. De resto, a prova disso mesmo é que não fomos capazes de manter o mundo nos carris quando confrontados com o minúsculo parasita que o pôs fora dos eixos. Agora, o que eu acho importante é que tomemos a nosso cargo o que está a acontecer, e sobretudo aquilo que será o futuro, sob pena de ver mais um sonho de vida transformar-se em pesadelo.




Mário Rui
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