domingo, 17 de maio de 2020

… FUTEBOL E FADO, PORQUE ATÉ A “CAUSA” JÁ FOI MODIFICADA


Fátima, ficou fora da equação. Percebe-se. As pessoas iam dar, ou tentariam dar, um pontapé num vizinho, passariam uma rasteira ao amigo, saltariam sobre o próximo, agrediriam o parceiro, empurrariam o sacerdote, entrariam de pé em riste quando tivessem um adversário por perto, cuspiriam na face do que estivesse a invectivar, dariam uma cotovelada na cara de um desconhecido, puxariam o véu à crente da frente. Já fora do santuário, os crentes envolver-se-iam em lutas estéreis corpo-a-corpo. Nos autocarros, como aqueles que não foram ao Parque Eduardo VII, seria um regabofe íntimo de fé. Nos sanitários, sabe-se lá que proximidade. Nos balneários de Fátima, é melhor nem falar. Nas cadeiras do crer, também há quem lhes chame bancadas, seria um reboliço marcial. A polícia atacada, petardos a ribombar, tochas a iluminar o firmamento. Tudo isto aconteceria em Fátima. Felizmente que o futebol, dizem por aí, começará lá para 4 de Junho e, aleluia, finalmente nada do que poderia ser Fátima, aconteceu, acontece ou vai acontecer no futebol. Faz sentido que venha pois a bola porque o trinómio mudou. Agora, passou a binómio; é Futebol e Fado. Fátima, felizmente, fica fora desta nova equação. Assim, mudos estão os que acham por bem que o esférico role em contexto pandémico porque Fátima era um perigo. De resto, destas mudezes arregimentadas e de coreografia feita ao sabor da voz do dono, casais que têm feito carreira e criação neste fecundo solo lusitano, muito propício à má semente, fujo eu como o diabo fugiu da cruz. Tudo quanto assim não seja, é um cavar ruinoso dentro do próprio abismo. E para isso, já eu não dou patavina. Fátima não fazia sentido. Sentido, faz o futebol! E, já agora, quanto aos fígados recalcitrantes que apoiam o futebol, a manifestação e o festival que não é festival, nesta fase epidémica, se não quiserem ver o óbvio, limitar-me-ei então a continuar a fixar os aspectos públicos dos personagens. Apenas isso, porque eu não discuto direita nem esquerda. O que eu quero é ir para a frente e no bom caminho.



Mário Rui
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