domingo, 31 de maio de 2020

Não, assim não!


Anda um homem a tentar livrar-se de cercas e acaba nisto. E eu que gosto da ilusão da liberdade, o melhor que tenho a fazer, já agora, é pegar no ‘autoimóvel’ e ficar em casa. Devia talvez, acima de tudo, impedir-me de pensar, mas com cordas à minha volta é que não. Até parece que me serve para alguma coisa a garantia da minha clandestinidade. Cordas, a quererem travar risos e conversas, mais um pouco de uma coisa e outra, na quietude, mesmo que afastada, das velhas amizades? Não, assim não. Nunca fui capaz de perceber no mundo os movimentos imóveis, nem sequer os pleonasmos. No areal da praia só desejo uma coisa; que me deixem à solta e que não exijam muito de mim. Portanto, se este ano for com cordame, precisarei de outros movimentos para me convencer. De resto, como é possível fazer o que não se compreende?



Mário Rui
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