domingo, 18 de setembro de 2022

As minhas fotos, mas sem bradar aos quatro ventos que sou um fotógrafo levado dos diabos

As minhas fotos, mas sem bradar aos quatro ventos que sou um fotógrafo levado dos diabos

Ontem mesmo, vi-me forçado a remover do meu Facebook uma foto por mim tirada na chamada “Turbina de Estarreja”, que mais não pretendia senão mostrar um cenário, ainda que degradado, que ainda hoje me parece digno de um clique fotográfico. Removi a foto já que, para muita gente, a mesma serviu de pretexto a ataques políticos inusitados, quando afinal o meu propósito ao captar a imagem, não era esse. Assim, como estou farto de algumas críticas destinadas a quem eventualmente as não merece e para além disso não estou para aturar o modo tão penetrado por toda essa poeirada confusa que vem de fora e me cai nos olhos, e eu bem percebo a razão de tal poeira, passarei então a mostrar a esses activistas de sofá, apenas excertos da «Menina e Moça», receitas de cozido à portuguesa e poesias do saudoso Bulhão Pato e, como ilustração, reprodução da maviosa Josefa de Óbidos. Talvez assim consiga contribuir um pouco, para, isso sim, não baralhar as ideias de alguns e fomentar-lhes antes o equilíbrio mental quando observam fotos minhas. Afinal, a chorar entramos na vida e a chorar saímos dela, motivo pelo qual é necessário possuir um temperamento muito especial para levar com essa inexcedível ventura que é a de possuir discernimento mental e conhecimento especial para se falar sobre certas coisas. Quando não se sabe do que se fala, todas as coisas, mesmo as mais solenes, mesmo as mais sublimes, mesmo as mais emocionantes, mesmo as mais tristes, têm um lado intensamente ridículo. A esses críticos, só lhes desejo que deslizem suavemente pela passadeira da existência, mas, pela Santa, não fabriquem pesos de quilo só com 500 gramas, pois nem quem os encomendou a vós, pode ficar satisfeito! Ou se calhar, fica mesmo. Mas isso é assunto que tanto se me dá como se me deu. Já agora, aproveito para acrescentar que se a ignorância premeditada e bem dirigida é um pecado, o inferno deve ser óptimo para fazer churrasco. Mas não me queimem as fotografias porque sinto-me em tudo o que amo. Fotografar é a arte de guardar um momento, tornar permanente o que é fugaz, fazer do presente, um sempre. Para mim não é trampolim para mais nada do que isso. Toda a vez que olharmos para o passado, deixaremos um pouquinho do seu presente perdido lá longe, e o que eu quero é apenas não perdê-lo para o futuro, é isso que me move. Mau é sonhar com um passado quando afinal ele, às vezes, se revelou tão agreste, bruto mesmo, no seu linguajar e acções ofensivas. Siga!


Mário Rui
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