domingo, 11 de dezembro de 2022

Futebol assim, não presta!

Tudo isto só mostra a vergonha em que nos metemos sendo a coisa o reflexo do deslumbramento apalermado com que colaboramos e enaltecemos as “altas produções” sonsas e descabidas que nos chegam do estrangeiro. Este fenómeno é, em tudo, efeito passivo da crise de bom senso em que estamos atolados, sendo o dinheiro e outras mordomias o único mote que lá nos leva. No entanto, o dinheiro que podíamos perder, poder-se-ia ganhar novamente; a ética, quando se vai, é que não volta mais. Estes episódios tristes e atentatórios da dignidade humana, juntos com toda a cavalaria espartana que os vai vigiar, já não são tão pequenos para que um olhar atento não consiga enxergá-los e espantar-se com a velocidade com que vão crescendo no ventre da inconsciência nacional e, sobretudo, internacional. Ou seja, futebol jogado deste modo e neste sítio, não é senão a ostentação de uma unidade postiça que encobre a luta covarde e sem regras de todos, contra todos os princípios básicos da sã convivência humana. A manha, a inconsciência, o vil metal, a ausência de valores, ganham assim terreno a cada nova investida da “campanha pela ética” tão apregoada por alguns e por nós também. É o efeito acidental de uma conjuntura já que esse efeito foi longamente desejado e meticulosamente preparado pela mais “hábil e talentosa geração de intelectuais activistas” já nascida neste Portugal. Quanto aos demais países, recuaram também do combate político directo para a zona mais profunda da sua actuação mentirosa. Mas voltando a falar de Portugal, temos um verdadeiro descompasso crónico em relação ao tempo da realidade que um dia nos falou numa alvorada nova e livre, mas com garantias, ou pelo menos esperanças, de lentas sandálias do bem, mas afinal com velozes hélices do mal.

(19 Novembro 2022)


 
Mário Rui
___________________________ ____________________________

Sem comentários: