quarta-feira, 1 de julho de 2009

Simulacro de optimismo

A situação parece grave. O ano de 2009 ainda não tinha chegado e já se adivinhava uma crise sem precedentes. Ora bem, a culpa não é minha nem sua. Mas de alguém ou de alguma coisa há-de ser. Seja lá o que for.
Como disse o Ministro das Finanças, não podemos fazer desaparecer a crise, apenas atenuar os seus efeitos. Não sei se sabe, caro leitor, mas eu preocupo-me consigo. E é por isso que estou disposto a dar-lhe algumas dicas para poupar. A questão parece complexa, mas, qual paradoxo, a situação dita que as regras da poupança são muito simples. Basicamente, caro leitor, o que tem a fazer é mudar todos os seus hábitos de vida.
Aqui vai. A partir de agora todos nós vamos ter de deixar de comer, de tomar banho, de lavar as mãos depois de ir à casa de banho, de ir de carro para o trabalho, de ligar o aquecedor, de ligar a luz da sala para ler esta crónica. Enfim, resta-nos morrer sós e em desgosto, porque, ao que parece, nem no INEM podemos confiar.
Mas se há pessoa ou entidade em quem pode depositar (alguma) confiança é em mim. Se até agora só ouviu falar de simulacros de sismo e coisas de natureza parecida, eu tenho a solução para este flagelo. Proponho, já para o dia de amanhã, um simulacro de optimismo. Vejamos as vantagens. Em primeiro lugar, alheamo-nos por um dia da realidade dura em que vivemos. E depois, ao contrário dos outros simulacros, este seria um verdadeiro sucesso. Seria uma espécie de simulacro daqueles que aconteciam nas escolas primárias que deixavam os alunos eufóricos, porque sabiam que, pelo menos uma hora de aulas ia para o lixo.
Aposto que nunca tinha pensado nisto. Parece difícil, numa altura destas, encarar alguma coisa como positiva. Mas talvez seja isso mesmo que nos falta. Ou pelo menos é o que nos querem fazer crer com palavras de esperança.
Se já ouviu falar em previsões apocalípticas de fim do mundo, eu posso-lhe garantir que o Sócrates não tem nada a ver com isso. E não se preocupe muito, porque, pelo andar da carruagem, nem eu nem as próximas 5 gerações lá chegaremos. Nem mesmo com simulacros de optimismo. Humor é que é preciso!

Rui André

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