quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ano novo, vida nova?

O que é que normalmente se faz na viragem para um novo ano? Uma retrospectiva do ano que passou, certo? Mas uma vez que 2009 foi tão mau para o país, acho que vos poupo, a vocês e a mim, que também me dói, de umas quantas vergonhas nacionais das quais não nos orgulhamos e que são, em todo o caso, mais conhecidas que o (empurrão ao) Papa.
Felizmente, ou não, na viragem para 2010 resta, para os crentes e optimistas, a tremenda lufada de ar fresco de saber que nenhum ano poderá ser tão negro como o agora que passou - e um bem-haja a isso! Para os maldizentes, grupo no qual eu não me insiro (a sério) mas identifico, e mais pessimistas, ficam as seguintes palavras de aconchego: já estamos habituados! Ou desportivamente falando, p’ro ano é que é!
Mas calma! Chegam-me agora informações de uma importância tal que me fazem engolir tudo aquilo que até aqui tinha dito: os portugueses levantaram, entre 1 de Dezembro e 2 de Janeiro 2.616 milhões de euros. E o que é que isto significa? Significa que, para além de terem gasto o dinheiro todo que os pais, avós, tios e afins carinhosamente lhes deram, que a crise económica acaba finalmente por perder força e, fundamentalmente, que o ano de 2010 vai mesmo ser bestial. Ou então não!
Mas quando esta informação avançada pela Sociedade Interbancária de Serviços (que nível!) relativamente ao montante levantado pelos portugueses parecia ter acabado com os problemas do país, eis que me lembrei agora sem querer dos desempregados, dos homossexuais, das pequenas e médias empresas e de tantas outras coisas das quais na verdade não lembro muito bem. E hão-de vocês pensar: chiça, que desmancha-prazeres! Pois é, mas contrariando o cliché que alguém tão sábio ousou um dia dizer, ano novo não significa necessariamente vida nova. E vocês sabem-no tão bem quanto eu! Por isso, da minha parte, sinceras felicidades a quem mais precisa por este mundo fora.
E já agora, uma vez que a minha licenciatura em Ciências da Comunicação está a um passo do fim, restando apenas o estágio curricular para ficar completa, ainda tenho de pensar na melhor maneira de provar aos meus pais que os euritos que eles me davam não eram exclusivamente para os copos. De qualquer maneira, posso sempre garantir-lhes que não contribuí para os 2.616 milhões de euros levantados dos Multibancos, porque, naturalmente, já não tinha dinheiro no banco!
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

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