quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Horário pobre

Recordo-me de há uns anos valentes ter lido um artigo num qualquer jornal sobre a violência na televisão. Em linhas muito gerais, eram criticadas as cenas de sangue e crime, e havia um grupo de indivíduos que argumentava que tais cenas eram prejudiciais para o desenvolvimento saudável das crianças. Concordo!
Da lista de conteúdos violentos de que me recordo incluía-se o Dragon Ball, os Power Rangers, entre outros e, mais recentemente, a grande maioria dos vídeo jogos. A discussão então levantada parece ter hoje caído em esquecimento e os malefícios que estes programas e jogos representam para a sociedade, nomeadamente para os mais novos, devem entrar novamente em debate.
Com legislação e/ou controlo dos pais, certo é que os conteúdos violentos a que hoje assistimos na televisão (e não são assim tão poucos!) devem ser regrados. Quero com isto dizer que as cadeias televisivas, em prol do bem comum, devem saber dosear a quantidade de conteúdos susceptíveis de impregnar as crianças, principalmente, de pensamentos, atitudes e valores que atentem contra o bem-estar físico e psicológico de outrem, aos quais estes mesmos programas incitam.
Choca-me, particularmente, os programas de wrestling ou, em português, a luta livre, que alguns canais portugueses insistem em transmitir. E choca-me ainda mais os pais que cedem à pressão dos filhos para os levar aos shows ao vivo para assistir a uma cambada de homens musculados a agredirem-se mutuamente, verbal e fisicamente. Sabemos nós o embuste que envolve a actividade, mas será que as crianças o percebem também?
Não me admiraria, pois, que os episódios violentos a que diariamente assistimos nas notícias, resultem da influência que estes mesmos conteúdos exercem sobre a sociedade. E não são assim tão poucos, quanto a mim. Mais gravoso ainda, é o discernimento que os responsáveis têm para transmitir tais conteúdos em horário nobre. Ou será pobre?
E quem fala em conteúdos violentos, fala igualmente da quantidade de publicidade e conteúdos de índole erótica com que somos bombardeados pelo marketing actual. Fica o aviso: alguns países têm legislação clara sobre isto. Nós é que…

Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

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