sábado, 22 de janeiro de 2022

2022 - Porta aberta para novos velhos sonhos?


2022, esse sim, que bem nos convinha que não trouxesse consigo mais desesperanças de valiosas recordações.

O de 2021 embaciou-me em demasia os óculos, os olhos, cortou-me aproximações porque o seu desenrolar só me deu menos bem travados diálogos, imperfeições que nem sempre foi possível remediar nesta nova edição de vida e roubou-me os modelos ‘domésticos’ como nunca havia imaginado. 

Mas mesmo os que venceram esta luta gloriosa souberam resignar-se como nós nos resignámos à dita.

A única diferença, não sendo ela despicienda, é que esses vencedores ficam com um título de que podem valer-se para não serem entregues de todo ao esquecimento.

E bem o merecem por terem conseguido deixar para trás as mais malditas das solidões que os acossaram.

Ainda sobre 2021, do cimo desta espécie de atalaia natural, a cada dia descortinávamos para todos os lados vastos horizontes de alentos e, afinal, não obstante alguns progressos, quer queiram quer não, ainda a paisagem ao longe está empestada em negrumes confusos.

Parece ainda que a nossa vontade mais não é do que frágil instrumento nas mãos de um destino traçado pelo autor de um crime.

É um mistério a sua pátria, a sua raça, donde veio e apenas temos a certeza de ser um ‘profeta’ terrível, porque as suas predições recaem unicamente sobre futuros assaz incertos.

Minando à surda na vida, quebrou a nossa vivida centelha.

Entre outras coisas, 2021 foi assim, também.

Não gostei nada desse trejeito, não gostei nada do que ele me ofereceu e quase nada, com efeito, o meteu em brios.

Vai-te, acolhe-te no sombreado retiro e que corra daqui a uma semana aragem, por débil que seja, que nos devolva os espaços imensos e não vacilantes.

Os que nos alonguem os momentos incomparáveis das nossas existências, acima de tudo os que nos possam idear a imaginação no mais vasto círculo dos nossos sonhos ou ambições. 

Chega bem, 2022! Cada ano que entra traz sempre um valioso conhecimento do que lhe foi o anterior e acrescenta uma esperança à nossa inocente vaidade.

- Pelo que vejo, disse-me já 2022, o meu amigo gosta de prosear. Respondi-lhe;

- Pois, meu rico senhor, eu moro a poucas léguas do mar, ainda a algumas do sol e desde sempre tenho batido todos os poentes que me são oferecidos e que fazem curas que são um milagre.

Não lhe posso dar hoje sorrisos, mas não me tire outra vez todos os meus sonhados segredos e muito menos os meus adorados ocidentes.


Mário Rui
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