domingo, 9 de abril de 2023

China, olha o balão

China, olha o balão. Não vale a pena comentar, pois não? Mas eu comento, pois sim!

Ora bem, vistas as coisas sob o olhar atento do actual “achismo”, toda a gente se pretende “achista”, e em relação ao que quer que seja. Assim sendo, não vejo razão que me impeça de também “achar” alguma coisa relativamente àquele balão proveniente da China que, sendo certamente uma oferta dirigida a um qualquer Carnaval de Portugal, os intrujões dos chineses se tenham enganado na rota marcada e, desse modo, o tenham mandado para céus americanos, não se lembrando sequer que nós também existimos e queríamos o balão na nossa folia de Entrudo. Dito isto, “acho” que estes erros e defeitos dos chineses mais parecem um pretexto para a produção artística do que factos estranhos, mas, no entanto, a escalpelizar, sendo assim a qualquer um lícito erguer a voz mas protestando com o dedo médio bem hirto. E digo isto já que, antigamente, quando alguém pretendia presentear uma folia carnavalesca ou mesmo um qualquer estabelecimento de beneficência com um balão, pegava numa folha de papel pautado, riscava-lhe com uma caneta de tinta da China duas colunas – uma para os nomes, outra para a oferta feita, e largava-a de porta em porta e de rua em rua aos foliões mais desprevenidos. Hoje, não! A China vai a uma loja de adereços e compra qualquer coisa. Uma jarrinha, um boneco de borracha, um ‘yó-yó’, um porta-aviões ou até um balão. Depois, entra por um  posto emissor adentro, e agora ainda o faz pois é sua tradição e não a quer perder, e pede ao locutor que ponha a coisa no ar. É então o momento em que o radialista, na China, anuncia a todo o mundo; - prevenimos todos os ouvintes que acaba de nos ser entregue um delicioso balão próprio para crianças de maior idade e de um só sexo, revertendo o gáudio deste presente a favor  de uma instituição de Socorros a Náufragos que tenha a desgraça de cair ao mar, ou a alguém que queira andar nas nuvens sobre a avenida do Carnaval. Ao raiar esta nova aurora de balões, há grande contentamento. Têm é de ser entregues no sítio certo porque nós estamos aqui a ver a Natureza toda contente a rebolar-se e a rir com as vossas explicações, quando afinal o balão segue um destino duvidoso. As gralhas ao verem isto até se transformam em pavões. A gente pasma como possa haver uns camaradas que se deixem por cá andar há milénios, sem pedir transferência para outro planeta que tenha balões de jeito. Vão à merda, chineses, mesmo que por cá, na Terra, ande por aí toda a gente a dizer o contrário do que eu afirmo. Os amigos também me deram muita coisa; deram, ainda há pouco tempo, as Boas Festas! Chineses, crescei e multiplicai-vos, mas não sejam fingidos. Desses, temos nós já muitos. (5 de Fevereiro de 2023)


Mário Rui
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